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Jack Kerouac e a Geração Beat


    Sei que prometi um vídeo sobre o mais recente filme do cineasta brasileiro Walter Salles, mas ultimamente estou sem tempo e paciência para gravar e editar. Enquanto o vídeo não chega, acho pertinente fazer uma postagem comentando sobre o livro no qual o filme é baseado.
   O livro em questão é “On the Road”, do escritor americano Jack Kerouac. Trata-se da narrativa das experiências de Sal Paradise, alter ego de Kerouac, e seu amigo Dean Moriarty, o “Adônis de Denver”, Neal Cassady, em suas viagens pelos EUA. Cassady, após a publicação do livro em 1957, passou a ser considerado um herói para os jovens da época. Bob Dylan, inspirado pelo livro, fugiu de casa para cair na estrada. Chrissie Hynde e até Hector Babenco, fizeram o mesmo.
    Kerouac escreveu o livro em um enorme rolo de papel, inspirado pelo jazz e sob efeito de benzedrina e café. O manuscrito original, porém, foi recusado por diversas editoras e sofreu inúmeras alterações para que pudesse ser publicado. Kerouac, Cassady e outros de seus amigos compunham o que viria a ser conhecida como Geração Beat. O termo “beat” contém a ideia de beatitude e é polissêmico, pode significar também a batida do jazz.
    É comum atribuírem a On the Road o título de “A bíblia beat” e a Kerouac, “o pai dos beats”. Porém, ele mesmo rejeitava tais títulos. Por ter sofrido muitas alterações, a versão original perdeu muitas cenas que só ficariam conhecidas anos mais tarde, mas mesmo assim a edição de 1957 ainda conserva o brilhantismo da escrita de Jack Kerouac e vale muito a pena, apesar de não ser um retrato fiel da chamada Beat Generation. On the Road é um dos livros de leitura obrigatória e não deve jamais ser deixado de lado.
    No Brasil, o livro ganhou sua primeira tradução em 1984, assinada por Eduardo Bueno e Antônio Bivar. Hoje pode ser encontrada a edição de bolso da L&PM com a tradução de Eduardo Bueno, revisada por ele mesmo. Cláudio Willer traduziu Uivo e outros poemas, além de outros textos de Allen Ginsberg. Este que influenciou diversos poetas brasileiros marginais, como, por exemplo, Roberto Piva.

"Que sensação é essa, quando você está se afastando das pessoas e elas retrocedem na planície até você ver o espectro delas se dissolvendo? - é o vasto mundo nos engolindo, e é o adeus. Mas nos jogamos em frente, rumo à próxima aventura louca sob o céu." On the Road, Jack Kerouac. Parte Dois, cap. 8, pág. 196.

    Bom, esta foi a postagem, espero que tenha sido boa. Para aqueles que querem ter um entendimento melhor sobre geração beat, recomendo a leitura de Uivo e outros poemas, de Allen Ginsberg (com a tradução de Cláudio Willer), Naked Lunch, ou Almoço Nu, de William Burroughs (que ainda não li), On the Road, o manuscrito original, que mantém os nomes originais das personagens, e O Primeiro Terço, de Neal Cassady. Tenham uma boa vida. Até a próxima.

    Ah, ia me esquecendo. Algumas pessoas costumam associar Charles Bukowski à geração beat, mas ele não faz parte dela, apesar de ter vivido na mesma época que esse grupo de escritores.

Renan Almeida.

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