"Caio é um homem, homens são mortais, logo Caio é mortal." - o mais clássico dos exemplos de silogismo e o axioma máximo de nossa existência. No entanto, meu amigo, isso não se aplica a você.
Primeiramente, quem é Ivan Ilitch? É o personagem principal de A morte de Ivan Ilitch do escritor russo Liev Tolstoi (Leon em algumas versões), publicada pela primeira vez em 1886, é considerada por muitos como a obra-prima de Tolstoi e uma das obras máximas da literatura russa. Gastaria umas boas linhas descrendo a história e o personagem em toda sua complexidade, então, para resumir: Ivan Ilitch o homem ao qual a idéia da morte apavora.
O silogismo acima aparece quase ao fim da história:
O exemplo de um silogismo que aprendera na Lógica de Kiezewetter, “Caio é um homem, os homens são mortais, logo Caio é mortal”, parecera-lhe a vida toda muito lógico e natural se aplicado a Caio, mas certamente não quando aplicado a ele próprio. Que Caio, ser abstrato, fosse mortal estava absolutamente correto, mas ele não era Caio, nem um ser abstrato. Não: havia sido a vida toda um ser único, especial [...]O que sabia Caio do cheiro da bola de couro?[...]Por acaso era Caio quem beijava a mão de sua mãe e escutava o suave barulho da seda de suas saias? [...]Foi Caio quem se apaixonou?...
Entenda agora que quando digo que o exemplo acima não se aplica a você, quero dizer que a grande maioria de nós vive como se a morte fosse um fato que ocorre somente aos outros, como se somente “Caio” morresse, e assim vivemos, como se fôssemos imortais, desperdiçando cada segundo de nosso tempo. E quando, finalmente, o derradeiro fato se aproxima, nos apavoramos e nos damos conta que não vivemos, que a vida se esvaiu por entre nossos dedos, assim como aconteceu a Ilitch...
Gostaria de num texto, transpor toda a magnetude desta obra, mas isso não é possível, então fica a dica: Leiam este livro. Vou até facilitar as coisas, um link direto para a loja, é só clicar aqui.
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Rômulo Costa
Muito bom. Primeiramente, bem vindo ao blog. A ideia de morte nos atormenta e amedronta de uma forma q esquecemos de viver de fato. Estamos tão preocupados com "o que vem depois" (se é q algo vem depois) q acabamos não apreciando os simples momentos. Pensar no que vem depois é uma forma de prolongar nossa sede de viver, não conseguimos aceitar a morte tal como ela é. Não suportamos a ideia de q vamos morrer e de q isso poderá ser em breve, por isso estamos sempre "fugindo", essa é minha opinião. Texto ótimo, falous!!
ResponderExcluirMuito obrigado. A idéia era justamente essa, o ser humano sempre se encontra em duas situações: uma onde só pensa na morte e esquece de viver e outra quando desperdiça tempo de vida esquecendo que um dia vai morrer.
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