- Maldição! Mil vezes amaldiçoo o dia em que me tornaram humano! Muito satisfeito estava, e tranquilo, sendo apenas um esquilo... Mas eis que me transformam num humano, humano! Se fosse apenas isso, bom até estaria, mas também me deram a maldita capacidade de pensar, fruto dessa coisa a que chamam cérebro, ou será espírito? Que seja! Para os diabos! A única coisa que sei é que depois disso nunca mais pude sentir o doce aroma e o frescor da mãe natureza como antes. Há sempre uma angústia, uma tristeza, um vazio, uma decepção, um querer e não ser... Enfim, há sempre um peso que me impede de me sentir leve como outrora! Ah, e como invejo meus irmãos esquilinhos, que não precisam jamais pensar, ou refletir, sobre qualquer sentimento. Não têm dúvidas sobre nada, tudo para eles é claro e simples. Observe-os lá, tão tranquilos, tão puros... Por quê? Porque dentre todos tivera eu de ser o sorteado? O escolhido? Arre, se ao menos eu pudesse falar, se não houvesse ainda essa boca de esquilo, esses dentes, eu sem dúvida gritaria bem alto, reclamaria horas a fio com alguém, ah, se não fossem esses pêlos, ainda de esquilo, eu voaria até encontrar o culpado, onde quer que esteja. Não fosse meu minúsculo tamanho, eu também o mataria, sim, o mataria! Ah, se não fossem essas patas... Esse rabo!
Rômulo Costa, 6 de junho, Taguatinga.
Muito bom !
ResponderExcluirDe: Gustavo F.
Excelente!
ResponderExcluirExcelente texto, companheiro. Sempre me impressiono com sua escrita. Parabéns.
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